
Jesus oferece o Reino de Deus e a Justiça do Pai a ricos e pobres. Jesus coloca diante de uns como dos outros a alternativa “Deus ou o dinheiro”. Talvez para os pobres seja mais fácil fazer a opção clara por Deus do que pelo deus “Mamon” (palavra semítica que significa dinheiro, riqueza), porque eles, de dinheiro real, pouco ou nada tenham. No entanto, é bem sabido que há avarentos que nada possuem, bem menos é claro do que os avarentos ricos. O perigo dos ricos é de substituírem o Deus verdadeiro pelo “demônio Mamon”, de elevarem o dinheiro e a sua posse no valor mais importante da sua vida, no fim último da sua existência, como o bem maior a desejar e procurar e a fonte de sua felicidade. Essa é a idolatria do dinheiro e da sua posse que arranca a pessoa da busca do Reino de Deus e de sua justiça. O perigo dos pobres, porém, pode estar nas preocupações exacerbadas com a luta pelo mínimo necessário à sobrevivência. Alguns, então, se revoltam contra Deus e todo mundo, outros se esquecem dEle, outros acabam numa resignação pessimista, num conformismo antievangélico de que essa seria a vontade de Deus ou esse o seu destino, não restando nada a se fazer.
Palavras como “fé e confiança em Deus”, “oração e trabalho”, “providência divina e solidariedade” devem ser bem conjugadas na correta compreensão dos significados e na perfeita articulação das atitudes e ações. Entre todos os valores superiores hierárquicos da vida o cristão precisa, em primeiro lugar, fazer a sua opção clara por Deus e em favor do seu Reino e da sua Justiça. À fé em Deus segue-se a confiança em Deus. A confiança em Deus, no entanto, não deve ser passiva, como se só bastasse crer, confiar e esperar. O ditado popular “Deus ajuda quem cedo madruga” expressa bem como o cristão deve enfrentar a vida, fazendo a sua parte. Depois, vem o valor da “oração e o trabalho. “Ora et labora” é um sábio princípio monástico. Oração e trabalho, espiritualidade e ação, mística e missão servem tanto na luta pessoal pela vida como na construção da sociedade e na obra pastoral da evangelização. “Sem mim nada podeis fazer”, disse Jesus. A oração é eixo que atravessa toda a vida, sustém a vida no Espírito e fecunda toda a ação. Mas não basta dizer “Senhor, Senhor se não se procurar pôr em prática a Palavra de Deus”, afirmou também Jesus. Portanto, “ora et labora”. Em seguida, vem “a providência divina e a solidariedade”. Jesus está dizendo: “Olhai os pássaros… Considerai as flores… Não vos preocupeis por vossa vida”. Ele conclui, contrapondo: “Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas de que precisais vos serão dadas de acréscimo”. A Justiça nova do Reino funda-se no mandamento novo da caridade, do amor, da misericórdia. Por isso, é exigência do Reino pôr em prática a caridade, a solidariedade com os outros, sobretudo com os pobres, e a misericórdia com pecadores e sofredores.
Busquemos primeiramente o Reino de Deus, confiemos firmemente na Providência divina e partilhemos generosamente os dons, frutos da bênção e do trabalho, com os pobres e necessitados.
Por Dom Caetano Ferrari – Diocese de Bauru
Fonte:Noticias Catolicas
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