(Ezequiel 20:25)
O capítulo 20 de Ezequiel se refere à apostasia de Israel, vemos claramente que os próprios líderes haviam "levantado ídolos em seus corações" os quais procuravam amaldar-se à idolatria do ambiente ao qual viviam, e a resposta do SENHOR foi um julgamento contra os idólatras (Ez. 14:7-8; 20:33-39). O povo estava agindo de forma rebelde contra o SENHOR recusando a ouvir a sua voz (v.8). Antes, no verso 11, o SENHOR diz ter dado ao seu povo "...os meus estatutos e lhes mostrado os seus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles."(Ezequiel 20:11). Isso quer dizer que os estatutos eternos do SENHOR que dão vida não são maus, pois levam à vida. O versículo 25, com certeza, se refere em primeiro lugar, provavelmente não às leis de Deus, mas a estatutos pagãos que Deus fez com que fossem transferidos para o seu povo quando ele desobedeceu a sua santa lei.
Observe-se que o texto diz que Deus lhes deu estatutos que não eram bons porque "se rebelaram contra mim" (20:21). Quando diz: "Por isso também lhes dei estatutos que não eram bons, juízos pelos quais não haviam de viver..." (Ezequiel 20:25), mostra que foi dada uma outra lei, não a Lei de Deus a qual o homem teria vida por meio delas (V. 11), mas outra lei por ocasião da desobediência do povo (21). A versão NVI nos dá um melhor entendimento disso dizendo que Deus os abandonou a decretos que não eram bons: "Também os abandonei a decretos que não eram bons e a leis pelas quais não conseguiam viver...".
Ainda, há um sentido no qual a santa lei de Deus pode ser entendida como não sendo boa, ou seja, considerando-se que a desobediência a ela resulta em males. O apóstolo Paulo expressou-se assim a esse respeito: "É a lei pecado? De modo nenhum!... Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado" (Rm 7:7-8). Ou seja, o propósito da lei é bom (isto é, revelar a retidão de Deus), mas o resultado da desobediência da lei é o mal (já que a lei dá oportunidade a que o pecado ocorra).
Referências:
GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. 1ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. 3ª Ed. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1990.
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