Alguns dos fatores que ajudam pacientes a “morrer em paz” são orações, meditação e o sentimento de estar livre de preocupações ou de ansiedades. O aconselhamento espiritual, seja por um padre ou pastor auxilia tanto o paciente quanto a família, gerando serenidade para se enfrentar esse quadro irreversível.
Essa pesquisa entrevistou 396 pacientes com câncer em estado avançado e cujos médicos afirmaram que teriam menos de 6 meses de vida. A idade média era de 59 anos e todos responderam à pesquisa cerca de 4 meses antes de falecerem. As informação foram compartilhadas com o cuidador mais próximo, em geral, o cônjuge. Os cuidadores posteriormente foram entrevistados sobre esse período terminal.
Os médicos também podem influenciar positivamente e de forma significativa a vida de seus pacientes. O desafio, explicam Zonderman e Michele Evans, que coordenaram a pesquisa, é a capacidade de desenvolver e manter boas relações com seus pacientes.
A equipe criou um modelo de efeitos aleatórios dos fatores associados à qualidade de vida durante os últimos dias de vida desses pacientes. O modelo indica que há uma variação na qualidade de vida de 20% melhor dos participantes religiosos.
Claro, existem outros fatores que influenciaram o modo que os pacientes e seus cuidadores classificaram a qualidade de vida nesse período. Entre os mais importantes estava o morrer em casa e não precisar se submeter a tratamentos agressivos para estender a vida. Mas o elemento mais forte é a fé dessa pessoa, além do fato de ela sentir que os médicos e a família as tratavam com respeito. Essa é a conclusão de Holly Prigerson, autora do estudo e diretora do Center for Psychosocial Epidemiology and Outcomes Research, no Instituto do Câncer Dana-Farber, de Boston.
“O que os resultados sugerem é que a atenção às necessidades psicossociais dos pacientes, suas necessidades espirituais, seu conforto, suas preocupações, a necessidade de não se sentir abandonado pela equipe médica e de reconhecer-se como um ser humano valioso e significativo é a coisa que mais importava para os pacientes e suas famílias… O estudo mostrou que, ao contrário, é a conexão humana que parece ser o mais importante para uma boa qualidade de vida nos cuidados paliativos”, disse Prigerson.
Quando os oncologistas focam apenas na cura de pacientes, acabam deixando transparecer que perderam as esperanças. O estudo mostra que mesmo quando a cura é impossível, os pacientes querem ver que os médicos se preocupam com eles. “Na verdade, a presença e a disponibilidade do médico é uma das maiores influências na qualidade de vida dos seus pacientes”, explica.
Alan Zonderman, um dos investigadores-chefe do Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos, acredita que o estudo é importante pois acrescenta informações concretas sobre o que é realmente importante para os pacientes e as famílias no fim da vida.
A doutora Michele Evans, pesquisadora-chefe diretor científico do Instituto Nacional do Envelhecimento, conclui que é fundamental que a pessoa prestes a morrer possa discutir seus desejos com a família e os médicos. “É igualmente importante que os pacientes de câncer se assegurem que discutiram seus desejos com a família e com seus médicos”.
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